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Cedo

  • Foto do escritor: Margarete Bretone
    Margarete Bretone
  • 2 de mai. de 2023
  • 1 min de leitura

Atualizado: 4 de jul. de 2023



Era muito cedo. Essa era a única afirmação que eu repetia sem parar. Acorde antes de todos. Trabalhe enquanto eles dormem. Frases comuns que andavam repetindo em demasia ultimamente, mas nada, nada mesmo se comparava com essa constatação. Era muito cedo e a única coisa que fui capaz de fazer foi respirar fundo tentando controlar a respiração. Estava errática, difícil executar tarefas com excelência quando uma dor excruciante tenta te rasgar de um lado a outro. Ainda mais difícil caminhar antes do sol nascer sem saber o que o dia tinha me reservado. Um passo, um nova dor, uma nova prece. Então mãos que deviam ser leves espetaram a pele, tudo estava sensível, até os olhos não conseguiam se acostumar com a luz que incandescia no quarto antes negro. Cedo. Cedo. Cedo demais. Respira. Choraminga. Caminha e... horas depois os olhos já acostumados com luz artificial, a dor estancada e uma certeza. Tão pequena, tão frágil e mesmo assim tão forte. A dor que me rasgou suplantada pelo amor que me tomou ao ouvir um choro. Era muito cedo, mas não foi tarde.


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© 2018 por MARGARETE BRETONE

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