Conto: Amores?
- Margarete Bretone
- 13 de mar. de 2020
- 1 min de leitura
Atualizado: 27 de mai. de 2021

Tudo começou com um bilhete. Tudo teria que terminar com um bilhete. E que ele não o visse.
O primeiro, exaltou os olhos, o jeito delicado de falar, a maciez da pele.
O último era uma suplica, dela, a um desconhecido.
Sem opção, ela começou a escrever e pedir aos céus que fossem lidos pela pessoa certa até que um dia o toque na parede do quarto ecoou.
Muitos e pequenos, os bilhetes elaboraram um plano, precisava fugir.
Com as mãos apoiadas no vidro da janela, viu quando ele se foi. O pulso ainda ardendo a despedida apaixonada. Os olhos ainda tentando esquecer o fogo que queria destruí- la de dentro pra fora.
Contou os minutos, ouviu a batida na parede e respondeu ganhando forças para sair daquela prisão.
Com uma sacola de plástico, roupas amontoadas e coragem que a abandonara anos atrás, ela saiu pelo corredor.
Não tinha tempo, mas parou ao pé da escada, respirou fundo todo o sonho que e se tornara um pesadelo onde sentia-se sua própria algoz, incapaz de ganhar coragem e agir. Até aquele momento.
Uma escada, dessa vez apoiada no muro a levou para o alto, para a liberdade e que ela durasse na mesma intensidade da gratidão que sentia pelo senhor de cabelos grisalhos que lhe estendeu a mão e um novo bilhete lhe foi entregue
Dessa vez para longe.
Com destino a liberdade.
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