Conto: Amores proibidos
- Margarete Bretone
- 19 de mai. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 27 de mai. de 2021
Pés e pernas estavam entrelaçados. O lençol cobria parcialmente a pele do corpo feminino quase adormecido, mas mesmo assim ela refletiu sobre a diferença entre eles. A cor da pele não era a única.
Ela fechou os olhos com a leve carícia dos dedos que percorreram a coluna, satisfeita, feliz e inteira. Aqueles eram os melhores momentos. O de apenas estar ao lado dele, de se aconchegar, de plenitude.
- Mãe, vou tomar um banho e depois vou na casa do Tato. Aquele imbecil vai jogar bola hoje.
Ela pulou da cama já pegando um roupão sem entender como não tinha notado as horas passarem tão rápido.
Olhou para o lado e viu ele se vestir de forma prática. Nas pontas dos pés foi até a porta do quarto e aguardou o momento certo de abrí-la.
Pé ante pé eles saíram do quarto, desceram a escada olhando para o alto e antes mesmo de chegarem ao final, ele a puxou para trás, tocou a nuca e aproximou lentamente, memorizando cada detalhe daquele rosto e roubou um beijo.
Ela a empurrou sem muita convicção e o levou até o portão, mas antes de chegar até lá o celular no bolso da calça jeans dele começou a berrar. Ela detestava aquele toque, aquele escândalo todo, mas ele nem ligava.
Sem muito o que fazer, ele atendeu, mas nem precisou falar nada. Uma cabeça apareceu pela janela e ele só foi capaz de fazer um sinal de joia.
A mulher resmungou palavras sem sentido, prevendo a tempestade que vinha pela frente.
O amigo franziu a testa. A cabeça praticamente pendurada esboçou um sorriso antes de perguntar.
⁃ Tato, o que você está fazendo aqui? Eu ia te ligar...
⁃ Vim ver se você quer sair.
⁃ Cara... Sobe aí...
A cabeça desapareceu e a mulher pode finalmente soltar o ar.

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