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Conto: O meme da bike

  • Foto do escritor: Margarete Bretone
    Margarete Bretone
  • 13 de nov. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 27 de mai. de 2021

Ele virou a cabeça de um lado para o outro com a intenção de ouvir o CREC que imaginava poder aliviar o caroço que parecia ter se avolumado sobre os ombros.


Olhou para baixo e viu o enorme cachorro de pelagem preta com a língua de fora. Desatento, não notou que estava indo rápido demais. Parou de forma repentina e, desavisado, o animal não percebeu. Apesar de aparentar cansaço, o cachorro mantinha o mesmo ritmo que ele e, ao colocar o pé direito no chão, o animal que estava com a guia presa no guidão puxou com força desmedida.


O pé virou, a bicicleta foi caindo para o lado e ele não foi capaz de evitar o tombo. As mãos foram para o chão, mas incapazes de conter o impacto o rosto encontrou o asfalto. A poça se avolumou e ele caiu, de cara, na água parada no meio-fio depois da chuva no início da tarde, molhou roupas, tênis e o cachorro que, por fim, rolou sobre ele.


Pensou em xingar, esbravejar, socar algo, mas só foi capaz de olhar para o animal e abrir um sorriso enquanto erguia as mãos para evitar ainda mais respingos de água que ele espalhava ao balançar o corpo para todos os lados.


Olhou para os cantos, felizmente não tinha uma viva alma naquela rua. Levantou devagar sentindo o estrago do tombo, a ardência na pele e começou a caminhar devagar. A fisgada no pé o obrigou a fazer uma careta, mas precisava continuar. Justamente naquele dia tinha esquecido a chave da casa e precisava ir até a loja onde a irmã trabalhava para pegar a dela.


Resmungou olhando para o alto, sabia que seria alvo de chacota e imaginou a irmã tentando conter o riso alto diante da gerente da loja de perfumes. Ele mesmo faria igual se fosse com outra pessoa, mas balançou os ombros, aliviado por estar sozinho sem perceber que da janela do primeiro andar do prédio de tijolos vermelhos um menino mantinha um celular apontado para ele mostrando em tempo real o que tinha acabado de acontecer.


Saberia em breve que o riso da irmã seria o menor de seus problemas.


 
 
 

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© 2018 por MARGARETE BRETONE

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